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28.03.2016

O alerta da indústria: o Brasil tem pressa!

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É preciso superar a crise política, sem dúvida. É preciso enfrentar a crise econômica, igualmente. É preciso fazer reformas estruturais, idem. Mas nada disso pode passar ao largo de uma solução para o lento, penoso e prejudicial processo de desindustrialização que o Brasil enfrenta há anos.

O histórico de nações que se desenvolveram depois de graves períodos de recessão, ou mesmo de países que cresceram rapidamente, mostra que o setor industrial sempre exerceu papel protagonista. E o inverso também é verdadeiro. Aqui, para o bem ou para o mal, não será diferente.

A indústria brasileira é resiliente. Sua capacidade de adaptação a novas realidades é significativa. Tudo fruto de uma nação com vocação empreendedora e criativa. Todavia, além da concorrência exterior, o setor tem um grande adversário interno: o Custo Brasil.

Juros elevados, impostos pesados, sistema burocratizado, legislação trabalhista defasada e logística insuficiente são algumas das condições que estão fazendo com que o produto elaborado brasileiro sempre saia perdendo. A competitividade é prejudicada desde casa.

Mais do que a dificuldade de exportar, a indústria sofre para vender no próprio país. O produto importado, não raras vezes, tem melhores condições de preço do que o nacional. Uma injustificável contradição.

A desindustrialização é um processo quase silencioso, uma vez que é gradativo. Mas, dia a dia, vem diminuindo a ocupação e a capacidade do parque industrial brasileiro. E, por consequência, gerando perda de empregos, renda e de potencial de crescimento.

Não bastasse essa dinâmica conjuntural e estrutural, o Brasil carece de planejamento. Enquanto países como a China têm um plano industrial projetado para as próximas três décadas, aqui não sabemos desenhar o rumo sequer do próximo ano. É como um barco à deriva, sem qualquer proteção.

Claro que, esporádica e esparsamente, surgem iniciativas importantes. Todavia, os empresários agem mais por iniciativa própria do que por orientação de política pública. Os esforços, em virtude disso, muitas vezes ficam difusos e desorientados.

A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), que lidera o associativismo do setor e há anos alerta para esses problemas, acabou de lançar uma nota reforçando tais propósitos. A entidade, que representa mais de 7,5 mil fabricantes de máquinas e equipamentos em todo o território nacional, ao mesmo tempo em que aposta na democracia e na legalidade, pede que haja apuração e responsabilização daqueles que praticaram atos ilícitos ou se beneficiaram deles.

O quadro de incertezas políticas e econômicas deteriora ainda mais a situação da indústria e dos demais setores. “O Brasil tem pressa”, diz a Abimaq. E, de fato, não podemos continuar em uma situação de ingovernabilidade.

Independente do desdobramento do processo de impeachment, o Brasil precisa seguir em frente. Quando mais demorar, pior para todos – em especial para o resistente, mas combalido, setor industrial.