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11.01.2016

O desafio de 2016 é grande

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Fazia tempo que não ingressávamos em um ano envoltos num ambiente de tantas incertezas. Não há como tapar o sol com a peneira. A crise econômica se agudiza. São os reflexos de 2015, período em que praticamente todos os indicadores foram negativos.

O IPCA (Índice Geral de Preços ao Consumidor) encerrou os 12 meses com a alta acumulada de 10,67%, quatro pontos acima do teto da meta inflacionária fixada pelo Banco Central. É o maior patamar desde 2002. A principal causa está nos preços administrados, como luz, gasolina, água e transportes públicos.

O PIB (Produto Interno Bruto) navegou entre a retração e a estagnação. A dívida pública, que representa a soma de endividamento interno e externo do país, deve ser totalizada em cerca de R$ 22,5 trilhões. O desemprego chegou a 7,5% em novembro, maior índice para o mês em sete anos. A indústria acumula seis meses seguidos de queda. São alguns dos muitos números que inauguram o ano novo.

Não bastasse nossa situação interna, o quadro se agrava com as repercussões dos problemas da China, cuja atividade industrial vem encolhendo há dez meses. Isso gera repercussões em escalas globais, porque se trata da segunda maior economia do mundo, que costumava esbanjar vitalidade.

A decisão do FED (Federal Reserv) norte-amerciano, de elevar a taxa de juros do país, marca uma guinada da política monetária dos Estados Unidos. Com a remuneração mais alta e um ambiente econômico seguro, os EUA voltam a ser um atrativo importante para investidores, o que desafia ainda mais nações emergentes, como o Brasil, em situação instável.

O cenário de fundo de tudo isso é a nossa crise política interna. O Brasil está sem mobilidade para enfrentar a situação. O ajuste fiscal, proposto pelo ex-ministro Joaquim Levy, sofre para ser validado no Congresso Nacional. E, no mérito, se acerta ao propor freios e arrumações, é carente em uma proposta de desenvolvimento para o país.

O governo não faz seu dever de casa. É pífio no corte dos próprios gastos. Não constrói ambiente para propor reformas estruturais, que ficam ainda mais longe do horizonte num ano eleitoral. Os estados, praticamente sem exceção, sofrem corrosão de suas contas públicas. O sistema tributário, que centraliza poder e recursos na União, está esgotando a capacidade das demais unidades federativas.

Há quem diga que estamos diante da tempestade perfeita, termo que a meteorologia usa para a confluência de fatores negativos na atmosfera. De fato, não há como minimizar essa conjunção de problemas. Mas, como em toda e qualquer crise, especialmente as que geram esgotamentos, eis que surgem oportunidades, novas visões, exemplos de superação e mudança.

Temos pujança suficiente para enfrentar esse momento. Mas não sem sair da zona de conforto. É preciso criar consensos, colocar uma agenda em discussão, encontrar ânimo em propostas de transformação. É tarefa que precisa ser liderada pelo governo, sem dúvida. Mas com outra postura do Congresso. E sob a constante vigilância da população. A verdadeira esperança do Brasil está na sociedade.