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29.09.2014

Uma questão de consciência

por

 

Eu sei. Sei que a política que aí está, em grande medida, nos desagrada. Sei que o sistema político-eleitoral, ao contrário de aproximar, distancia o eleitor. Sei que os partidos estão tendo pouco critério para escolher candidatos e, muitas vezes, o fazem sem ouvir as bases. Sei que as pessoas são responsáveis pelo protagonismo de suas vidas, não os políticos.

Porém, eu também sei. Também sei que a omissão dos bons gera a supremacia dos maus. Também sei que, queiramos ou não, gostemos ou não, a política continuará influindo nas nossas vidas. Também sei que a generalização é amigável aos corruptos. Também sei que o desconhecimento gera impunidade e falta de transparência. Também sei que, mais que a ambiência individual, a vida é também a nossa realidade social – tudo o que nos cerca.

É por isso que, de hoje até domingo, mais do que qualquer retórica, mais do que qualquer decepção, mais do que qualquer desmotivação, o eleitor terá de encontrar forças para fazer um exercício que não pode ser delegado. A decisão do voto é individual e intransferível. E a reflexão que conduz até ele, igualmente. Ninguém pode nem deve fazer isso por nós.

Em todos os meus espaços, tenho criticado muito as contradições do nosso sistema, bem como os desvios pessoais de alguns dos nossos representantes. Porém, não posso ser hipócrita. Fui deputado estadual, deputado federal e governador do Estado. Com toda essa experiência de vida pública, sei o quanto a política pode ser transformadora. E também sei que é possível atuar com honradez e seriedade.

A questão é de como esse potencial de transformação é direcionado. Não podemos desistir dele, desprezar ou fingir que não existe. O voto não é o único instrumento de ativismo cidadão, mas é, sem dúvida, dos mais importantes. É o exercício soberano de um direito de decidir por nós e pelos outros. É o futuro propriamente dito que, naquele momento de privacidade e independência da urna eletrônica, passa pelas mãos de cada um de nós.

Desejo, portanto, que exerçamos o voto livre e consciente. E, quanto mais indignados estejamos, mais livre e conscientes sejamos. Que a revolta e o desgosto não gerem omissão, mas participação. Consciência. E que, mesmo diante de todas as contradições, desmandos e decepções, as eleições sejam a festa democrática de um povo que resiste e segue em frente. Bom voto!