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14.07.2014

Vai ter Olimpíadas!

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Amanhecemos uma segunda-feira diferente. Com o final da Copa do Mundo, as atenções se voltam para as eleições. Mas chegamos a esse momento com a autoestima do país fortalecida. Mostramos competência – sim, essa é a palavra – para realizar o maior evento futebolístico do planeta. Não sem problemas, mas com uma avaliação prevalentemente positiva. Agora podemos olhar para frente, mirando as Olimpíadas, aprendendo com os erros e reforçando os acertos.

Muita coisa deu certo. A segurança esteve entre os maiores destaques. Nunca antes a articulação entre as diferentes esferas se deu de maneira tão eficiente. Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal, polícias civis e militares fizeram um trabalho excepcional. Os vândalos foram identificados e isolados. São mínimos os incidentes registrados. O mesmo vale para a área da logística urbana. Os departamentos municipais de trânsito, vide o caso de Porto Alegre, souberam agir com estratégia e evitar grandes congestionamentos e tumultos.

Os novos estádios também se mostraram adequados para o espetáculo. É realmente equivocado o investimento de dinheiro público nesse tipo de obra, especialmente em regiões longínquas, mas o fato é que as estruturas atenderam às necessidades do torneio. Grande parte das obras de infraestrutura não ficaram prontas, mas as finalizadas conseguiram dar boa fluência na região dos jogos.

É incrível o que aconteceu com os aeroportos, notáveis em reclamação dos consumidores. Durante a Copa, praticamente não tivemos ocorrência nessa área. A rede privada de serviços igualmente funcionou de maneira satisfatória. Hotéis, restaurantes, taxistas, operadoras de turismo e voluntários souberam atender o turista. Muitos estrangeiros aproveitaram a visita para conhecer outras partes do país, não apenas o local do jogo da sua seleção.

Mas o grande destaque foi a própria identidade do país. Sim, o jeito brasileiro – nossa hospitalidade, nosso sorriso, nossa afetividade, nossa alegria. Todas as pesquisas com visitantes mostraram que esse foi o nosso maior atributo, o nosso maior diferencial. É uma capacidade humana que se incorporou à própria cultura da nação. Sabemos tratar o próximo com cordialidade e bom humor. Fizemos uma verdadeira festa.

É verdade que não tivemos apenas flores. Se a Copa foi tudo isso, ela também deixa uma pedagogia em relação àquilo que precisamos superar. A maioria das obras não foi concluída, por exemplo. Os gastos públicos não tiveram um estudo de prioridade mais aprofundado. E, se tudo funcionou bem durante a competição, resta a plausível pergunta: por que não funciona bem sempre?

Todavia, bem diferente do que previa o pessimismo que antecedeu o evento, a Copa do Mundo no Brasil foi um sucesso. Isto se trata tão-somente da percepção da realidade. E se os pessimistas tivessem agido com mais boa vontade, no lugar de gastar tanta energia com o ambiente negativo que se formou na véspera, poderíamos ter um resultado ainda melhor.

Dentro de campo, foi o que vimos. Ficamos em quarto lugar, mas saímos com duas derrotas massacrantes. A vitória da Alemanha é a supremacia do planejamento, do profissionalismo, de um futebol coletivo, sem individualismo ou artificialismo. Ganhou o melhor, e até isso ajudou a contar a bela história do Mundial no Brasil.

Enfim, conseguimos mostrar para o mundo que não somos apenas favela, futebol e carnaval. Somos um país lindo, com um povo abnegado e trabalhador. Temos ainda muitos problemas a superar, mas estamos avançando – e vamos avançar ainda mais. Essa é a imagem que os turistas levam daqui, sem dúvida alguma. Essa é a realidade que também precisa ficar incorporada pelos próprios brasileiros.

Agora, vai ter Olimpíadas! Que, daqui até lá, possamos nos tornar permanente o país que vimos durante a Copa. Que tudo o que deu certo possa dar certo sempre. E que, com igual competência, consigamos resolver nossos problemas na saúde, na educação, na infraestrutura e em tantas áreas que afrontam a dignidade da nossa população. Que o país da Copa seja para sempre. Mas podemos seguir o caminho com mais confiança e orgulho.