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16.12.2013

Por um país mais competitivo

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) publica anualmente, desde 2010, um estudo sobre a competitividade do Brasil. O levantamento é especialmente útil porque nos compara com países similares em posicionamento no mercado internacional e em características sociais e econômicas. A mensuração é um importante termômetro para avaliar o desempenho no ambiente global.

Também participaram da pesquisa África do Sul, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, China, Espanha, Colômbia, Coréia do Sul, Índia, México, Polônia, Rússia e Turquia. Oito fatores foram analisados: disponibilidade e custo de mão de obra; disponibilidade e custo de capital; infraestrutura e logística; peso dos tributos; ambiente macroeconômico; ambiente microeconômico; educação; tecnologia e inovação.

Pois bem: o resultado deste ano coloca o Brasil como penúltimo colocado no ranking da competitividade entre as 15 nações apuradas – só à frente da Argentina. Canadá lidera. Nossa pior situação, como não poderia deixar de ser, está no peso dos tributos. Também aparecemos muito mal nos quesitos de disponibilidade e custo de capital, infraestrutura e logística e educação. O levantamento reforça tecnicamente as impressões de quem está no cotidiano do mercado.

Vamos muito bem dentro dos parques fabris. Os empreendedores evoluíram muito nas técnicas de gestão e de produção. A inovação chegou definitivamente às nossas empresas, que também despertaram ao comércio internacional, sem desprezar o mercado interno. Porém, ainda estamos muito mal da porta para fora – quando o produto precisa ganhar as ruas, ir ao mundo. Isto é, competir.

Enfrentar o mercado competitivo significa disputar espaços com concorrentes muito preparados. Em condições iguais, ganhar esse jogo já seria uma tarefa difícil. A indústria brasileira, porém, começa em desvantagem desde casa. Há um emaranhado de adversidades que dificultam a tarefa de produzir. E são problemas atinentes ao próprio Brasil, ou seja, à incapacidade de transformar o país num ambiente favorável à indústria – e isso vale para todos os setores.

A carga tributária, como já se disse, está entre as mais elevadas do mundo. A burocracia, um dado estrutural e até mesmo cultural, atravanca o desenvolvimento. Nossa infraestrutura, em todos os modais, está com décadas de defasagem. Demoramos a encontrar uma fórmula para unir a necessidade estatal (ou o interesse público) com o interesse estratégico dos investidores. E também fomos tímidos na reação à concorrência desleal praticada por alguns países.

Portanto, mesmo que certos indicadores apontem crescimento do consumo em relação ao ano passado, o que é positivo, o faturamento das empresas mostrará queda em 2013, assim como as exportações. Na contramão, as importações cresceram – e os produtos vindos de fora estão tomando conta de boa parte do mercado. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquina e Equipamentos (Abimaq), o nível de utilização da capacidade instalada dos nossos parques produtivos, considerando-se um turno, é de 74 % – um dos piores da história.

Falta-nos um plano industrial, mas não algo efêmero, senão que um planejamento que olhe décadas à frente. Houve muitas medidas acertadas nos últimos anos para mudar esse quadro. Porém, elas ainda se mostram insuficientes. Não estão à altura do papel que o Brasil pode desempenhar no mercado competitivo. Todo esse contexto tem repercussão direta no nosso baixo crescimento, com implicações econômicas e sociais que começam a aparecer no ambiente interno. É preciso reverter essa tendência, dando vazão a um país que quer – e pode! – crescer muito mais.