13.08.2012
Olimpíadas e suas lições
por Germano Rigotto
O Brasil melhorou seu desempenho nos últimos momentos das Olimpíadas de Londres. Chegou, inclusive, a um recorde numérico. Todavia, apesar desse avanço, ainda estamos muito aquém do que uma nação como a nossa pode alcançar em competições esportivas. Tanto é assim que ficamos atrás de países como Cazaquistão, Ucrânia, Nova Zelândia, Irã, Jamaica, dentre outros, todos menores em termos populacionais e econômicos. Ou seja: nós mesmos somos os culpados por resultados ainda tão pífios.
O sucesso nessa área costuma decorrer, basicamente, de três elementos principais: talento, estrutura e disciplina. Nesses dois últimos, infelizmente, estamos deixando muito a desejar. Já o talento nos distingue de saída. Creio não existir outro país com tantas potencialidades quanto no Brasil. Em todas as modalidades, podemos identificar atletas com chances reais de despontar. O problema é que, normalmente, essas promessas não têm oportunidade, patrocínio, treinamento, continuidade. E assim como em qualquer segmento da vida, no esporte também a genialidade, sozinha, não vai muito longe. É efêmera.
A estrutura brasileira para a prática esportiva é precária. Não só fisicamente, mas também do ponto de vista cultural. O esporte ainda é visto tão-somente como um lazer, uma atividade lúdica. E efetivamente o é. Porém, é preciso promover seus valiosos atributos para inclusão social, prevenção da criminalidade, educação de crianças e jovens e profissionalização. Os currículos escolares, por exemplo, contemplam a Educação Física apenas de maneira secundária. Não é dado a esse conhecimento o efetivo valor que ele tem no cotidiano da vida, inclusive em relação à saúde.
Outro problema do país é a disciplina (ou a falta dela) e de maior preparo psicológico – e aí novamente estamos diante de um componente cultural. Basta observar as vitórias e as derrotas havidas em Londres. Grande parte delas se explica justamente pela falta ou pela existência desses valores. Os ouros de Arthur Zanetti nas argolas, de Sarah Menezes no judô e do vôlei feminino têm na base uma história de superação, repetição, esforço, suor e renúncia. E muitas derrotas mostraram que nossos atletas apresentaram vulnerabilidade emocional por falta de um maior apoio psicológico.
Está claro que só conseguiremos avançar se mudarmos os valores e o modo de agir que comandam nosso tratamento com o setor. Precisamos caminhar de um jeito meramente intuitivo e artístico para uma prática disciplinada e com técnica – tudo sem perder a beleza da nossa identidade. Ao lado dessa nova postura, o país deve prover o esporte de melhores condições estruturais. Tirá-lo de uma condição de coadjuvante e alçá-lo à importância que merece ter.
Tudo isso, somado aos talentos que temos, conduzirá o Brasil ao posto que ele pode e merece ter numa Olimpíada: muito mais do que 17 medalhas e uma 22ª posição. O esporte nacional, portanto, precisa ter o tamanho de nossa nação. A Rio 2016 é uma grande inspiração para que isso comece a acontecer desde logo.




