18.04.2011
Progresso e a demanda por incentivo
por Germano Rigotto
A essência do progresso está no movimento, na ação, na pró-atividade. Ao redor de todo o globo, as experiências econômicas bem-sucedidas possuem fórmulas diferentes entre si, mas compartilham esse denominador comum. Tal lógica pode ser observada tanto em governos que promovem soluções inovadoras para problemas de longa data, quanto em empresas que investem pesado em ganhos de competitividade. Em ambos os casos, é fácil constatar que desenvolvimento e inércia são como linhas paralelas – nunca se cruzam.
É nesse contexto que se encaixa o marketing de incentivo. Trata-se de uma ferramenta de gestão que busca estimular profissionais através de campanhas motivacionais. É um ânimo à iniciativa: quando uma meta estabelecida é alcançada, por exemplo, funcionários e prestadores de serviço são recompensados com prêmios – que vão de itens simbólicos a eletrodomésticos e viagens. Ou seja, os que converteram objetivos em resultados são bonificados.
Os efeitos desse dispositivo já foram amplamente comprovados em vários países, sobretudo nos Estados Unidos, Japão e Europa Ocidental. Aplicado em organizações públicas e privadas, o marketing de incentivo desencadeia um ciclo virtuoso na economia. Introduz ação, fortalece a ambição, reconhece o comprometimento, aumenta a produtividade, gera empregos e renda. Repercute no desenvolvimento do indivíduo, da empresa, da comunidade e – em decorrência disso – de toda a nação.
Infelizmente, o Brasil está alheio aos frutos dessa fecunda ferramenta de gestão. Ocorre que aqui, na contramão do mundo desenvolvido, a atividade sequer é regulada. Um projeto que buscava suprir essa falha foi aprovado por unanimidade nas comissões da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Entretanto, por ter sido mal interpretada, a iniciativa recebeu um veto presidencial, no final do ano passado, com o compromisso do governo de regulamentar o setor rapidamente. Inclusive, acenando com Medida Provisória. Até agora, isso não aconteceu.
Como consequência da falta de regulamentação, os órgãos fiscalizadores muitas vezes acabam multando – inadequadamente – as empresas que premiam seus funcionários. Não bastasse a inexistência de critérios legais para a aplicação da dinâmica, ela ainda é punida. E o resultado desse cenário, como era de se esperar, consiste na retração de uma postura de reconhecimento e valorização ao mérito dos trabalhadores.
O alto grau de exigência do mundo globalizado não permite que o Brasil dê as costas ao marketing de incentivo – um mecanismo que certamente trará mais competitividade à nossa economia. Manter o setor às sombras e com interpretações equivocadas significa estar no sentido oposto do bom senso e das modernas práticas de gestão corporativa. É necessário e urgente que o governo edite uma Medida Provisória regulamentando a atividade. Além de colocar o País no eixo das experiências exitosas já havidas pelo mundo, isso vai atender aos impulsos naturais de uma nação que quer progredir cada vez mais depressa.




