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8.11.2010

A demanda do crescimento e a presidente Dilma

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Há pouco mais de duas décadas, no final definitivo da ditadura militar, o Brasil priorizava a pauta da consolidação democrática. Na sequência, impôs-se a construção da estabilidade e a maturação dos pilares macroeconômicos. Mais recentemente, a inversão da lógica da desigualdade social foi a principal temática nacional. E assim, de Collor a Lula, passando por Itamar e Fernando Henrique – com erros e acertos, percalços e aprendizados –, nosso País foi delineando os novos contornos com os quais ingressou no século XXI.

 

O Brasil governado pela presidente Dilma Rousseff é bem diferente daquele pelo qual ela lutou na busca da redemocratização. Se ainda temos franquias democráticas a solidificar, é palpável o amadurecimento das instituições e das garantias constitucionais em relação à liberdade. Nosso País também superou a hiperinflação e já não aceita mais planos econômicos aventureiros como os de outrora, com curto prazo de validade e sem bases sólidas. A pauta social continua em vigência, mas a nação estabeleceu consensos importantes sobre a necessidade de políticas sociais que combatam a pobreza e, ao mesmo tempo, apontem para o sustento próprio das famílias, independente do Estado.

 

As conquistas das últimas décadas ainda precisam ser aperfeiçoadas e solidificadas, mas a grande demanda que espera a presidente Dilma é a do crescimento. E isso tem a ver com todas as outras necessidades remanescentes. O Brasil preparou seus pilares para ingressar na condição de potência mundial, faltando agora colocar em prática algumas mudanças conjunturais e estruturais que serão definitivas nesse sentido.

 

Mexer na conjuntura significa adotar medidas tais como: reavaliar a política cambial e proteger a indústria nacional; enfrentar o crescimento do déficit previdenciário; avançar nas obras de infraestrutura, com foco na Copa e nas Olimpíadas, mas também nas necessidades da nação para as próximas décadas; qualificar o serviço público e torná-lo mais eficiente e ágil para a população. E mexer nas estruturas defasadas significa, por exemplo: mudar o atual sistema tributário, o político e o pacto federativo; tocar as reformas com decisão política efetiva; construir grandes pactos nacionais em nome do bem comum; despertar o verdadeiro espírito republicano.

 

Há uma avenida de possibilidades abertas para o Brasil sob o comando de Dilma Rousseff. Basta calibrar bem o motor do desenvolvimento e acelerar nessa direção, pois condições políticas para isso não faltam à nova presidente.