3.10.2007
A terceira reforma
por Germano Rigotto
Tenho me dedicado, desde que deixei o governo do Rio Grande do Sul, a dialogar com o país sobre pressupostos que considero fundamentais para a superação das principais mazelas brasileiras. Além das reformas política e tributária, defendo que o Brasil deve repensar completamente sua infraestrutura viária. Trata-se da terceira reforma, tão importante e urgente quanto as outras duas.
Não é necessário viajar o mundo ou ser especialista para chegar a essa constatação. Basta, por exemplo, andar pelas nossas estradas em qualquer lugar do país. Se, além disso, fizermos uma avaliação comparativa com os paradigmas internacionais, de primeiro e até de terceiro mundo, o resultado fica ainda mais chocante. O sistema viário brasileiro, centrado nas rodovias e escasso em alternativas, está a léguas de distância das necessidades da nossa produção.
Uma pesquisa publicada pela revista Veja corroborou essas constatações. Segundo a publicação, temos trens de carga com velocidade semelhante à de uma maria-fumaça, nossos portos são três vezes mais caros do que os chineses, as estradas matam mais do que a guerra do Iraque e a aviação – bem – é o que todos estamos vendo. Graças a esse quadro caótico, o Brasil perde 250 bilhões de reais, riqueza equivalente ao PIB do Chile.
O resultado desse cenário é um brutal aprisionamento do potencial de evolução do país. Há uma nação inteira querendo avançar, produzir, gerar emprego e renda. O mais difícil já conquistamos: um ambiente econômico favorável, propício para que a sociedade, ela mesma, promova o desenvolvimento, sem a necessidade da excessiva intervenção estatal. Entretanto, o país não lhe dá condições para isso.
O governo não tem conseguido fazer o mínimo que dele se pode exigir: construir e liberar os caminhos! Seja através de iniciativas próprias ou da parceria com o setor privado, o fato é que cabe ao gestor público a organização e a fiscalização das malhas multimodais do país. E esse assunto deve ser enfrentado sem mais balelas, delongas e tergiversações ideológicas. Com realismo, senso público e visão estratégica, o Brasil pode e deve romper esta estagnação em sua infraestrutura viária, sem a qual, apesar do potencial da nação, ficaremos estagnados diante do mundo.




