21.02.2011
Progresso e igualdade social andando juntos
por Germano Rigotto
Historicamente, a desigualdade social sempre foi uma dinâmica indissociável à fotografia brasileira. Não se trata de um exagero. A mera observação empírica, mesmo destituída de qualquer rigor científico, gera essa sensação. Basta, para isso, passear pelas ruas de uma metrópole brasileira e verificar in loco a convivência da abundância com a escassez. Os levantamentos e os estudos, por sua vez, comprovam o resultado dessa constatação. Em todos os rankings realizados, figuramos entre os países com a pior distribuição de riqueza.
Entretanto, nos últimos anos, alguns fortes indícios têm apontado para uma melhoria considerável desse quadro. Os dados são realmente impressionantes: em apenas seis anos, de 2003 a 2009, 29 milhões de pessoas ascenderam para a classe média. Juntas, somam 95 milhões de homens e mulheres. E, pela primeira vez, representam metade da população brasileira.
As boas notícias não param por aí. Entre julho de 2009 e julho de 2010, o índice de Gini – que mede a desigualdade em países de todo o mundo – recuou 1,4%. E, com esse patamar, estamos prestes a alcançar o menor nível de disparidade de renda desde 1960. Trata-se de uma tendência que, segundo o indicador, vem sendo firmada desde 1990. Paralelamente, há um avanço relevante em duas frentes: geração de empregos formais e redução da taxa de desemprego.
Como se vê, estamos colhendo os frutos de uma série de políticas públicas acertadas. Nos últimos 20 anos, o País percorreu uma trajetória repleta de avanços, sobretudo na consolidação democrática e na estabilização econômica. O primeiro salto rumo à diminuição da desigualdade veio com o Plano Real, implantado em 1994, que dizimou o fantasma da inflação e devolveu poder de compra aos brasileiros.
Em sintonia com essa iniciativa, veio o aperfeiçoamento de medidas macroeconômicas, tais como responsabilidade fiscal, superávit primário, regulamentação do setor bancário e metas inflacionárias. Também desempenharam papel importante a política de aumento do salário mínimo, a expansão do crédito e programas de transferências de renda. E, obviamente, há os méritos da educação: com mais anos de escolaridade, a população brasileira registrou ganho substancial de renda – inclusive entre os mais pobres.
Enquanto a China e a Índia apresentam crescimento econômico forte e pouca redução de desigualdade, o Brasil vem trilhando um caminho distinto. Optamos pelo desenvolvimento com atenção à melhoria distributiva. As disparidades entre a população estão em queda, com ascensão sustentada de classes emergentes. E é nessa direção que temos de persistir, afinal ainda estamos entre as dez nações mais desiguais do mundo. Os desafios vindouros precisam ser enfrentados com o mesmo pressuposto: progresso e igualdade social andando juntos. Para isto, temos que fazer as reformas estruturais que ainda faltam e investir pesadamente em Educação e Pesquisa.




