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16.05.2011

Aeroportos: para antes e depois da Copa

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É um equívoco focalizar a questão aeroportuária brasileira apenas na perspectiva da Copa do Mundo de 2014. Isso pode até ser um belo mote para que o País avance mais depressa, mas jamais esgota os motivos sobre a necessidade de modernização e ampliação dos nossos aeroportos.

Sequer precisaríamos referir o Brasil que queremos. Antes disso, o Brasil que temos já não consegue ser atendido pelas atuais condições. É uma questão para agora – “para ontem”, eu diria. Ora, estamos presenciando cotidianamente o desrespeito aos mais básicos direitos do consumidor. As pessoas são tratadas com uma desconsideração inaceitável: pouca informação, desorganização, falta de espaço e ausência até mesmo de mínimos cuidados humanos. Funcionários e passageiros, que não têm culpa nesse cartório, acabam dividindo um estresse que só faz aumentar.

O aeroporto de Porto Alegre é um exemplo muito claro de como a nação tem errado nesse setor. Aqueles corredores ainda têm cheiro de novo, posto que o atual prédio foi inaugurado há menos de 10 anos. Porém, a estrutura oferecida já contabiliza um débito de pelo menos 50% sobre a demanda. O remanejo de algumas companhias para o terminal antigo ajudou a minimizar o problema, mas é tão-somente um paliativo. O que esse e tantos outros casos demonstram é que nosso País se preparou para muito menos do que veio a ser – e é esse raciocínio que não pode mais vigorar.

A atual dúvida em relação às novas modalidades de gestão é uma demonstração de que ainda precisamos evoluir nesse sentido. Ocorre que alguns governantes ainda têm preconceito em relação à administração privada de aeroportos. A ideia de parcerias público-privadas, que em muitos casos se configuram como uma solução plausível, aqui podem representar complicadores em relação ao tempo de execução das obras e dos serviços. As experiências pelo mundo sinalizam que, contanto que haja controle e fiscalização, a iniciativa privada não representa risco. Pelo contrário: não é papel do Poder Público, por exemplo, gerir o uso de lojinhas, empresas de limpeza ou prestadores de serviços afins. Cabe-lhe, isto sim, exigir que o aeroporto funcione com eficiência e rapidez, atendendo bem aos seus usuários.

Portanto, é necessário romper a cultura de dependência do Estado e permitir que, de maneira regulada, cada agente econômico cumpra sua vocação. E gerir aeroportos, definitivamente, não deve ser tarefa exclusivamente estatal. Os investimentos a serem feitos ficarão acumulados ao cotidiano dos brasileiros, que cada vez viajam mais em voos domésticos e internacionais. E se a Copa é o mote, o presente e o futuro do Brasil precisam ser as verdadeiras razões para um definitivo avanço em nosso sistema aeroportuário.