21.11.2011
Paternidade responsável e amor à vida
por Germano Rigotto
A pauta da paternidade, em todas as suas dimensões, não pode sair do centro das prioridades dos governos e da sociedade. Recentemente, chegamos à marca de sete bilhões de pessoas coabitando o planeta Terra. Mais do que a disputa por encontrar o bebê responsável por tal número (o que, estranhamente, dominou o foco de muitos setores), precisamos debruçar nossas preocupações sobre as consequências desse crescimento populacional. Prepararmo-nos para ele, entender suas variáveis, acompanhar seu fluxo e agir em conta das conclusões possíveis.
Ao abordar esse assunto, é de gente que falamos. É de vida. É de família e amor. Não de meros números, estatísticas ou dados frios. O que importa é incentivar um ambiente de responsabilidade em torno da paternidade e, antes dela, da própria reprodução humana. Não se pode secundarizar essa abordagem ou relegá-la a constrangimentos de qualquer ordem. Pelo contrário: é preciso tratá-la de maneira cada vez mais aberta, transparente, ampla e dialogal – envolvendo pais, adolescentes, médicos, professores e todos quantos tenham interesse com as gerações que nos sucederão.
Durante nossa passagem pelo governo do Rio Grande do Sul, minha esposa, Cláudia, no comando do Gabinete da Primeira-Dama, criou e comandou o programa “Te Liga, Gravidez Tem Hora”. Em campanhas que falavam direto com os jovens, utilizando sua linguagem mais coloquial, a iniciativa engajou entidades e pessoas em torno do tema. Jamais pretendendo intervir na autonomia familiar, a mensagem apenas propunha uma reflexão consciente sobre a paternidade. Sem preconceitos de qualquer espécie, sinalizava em favor do cuidado com o corpo, do amor e da responsabilidade.
Sob o prisma das políticas públicas, também é preciso verificar o contexto econômico e social. A produção de alimentos não está conseguindo acompanhar o crescimento populacional. Se na Europa ocorre o fenômeno do envelhecimento demográfico, entre as camadas mais desfavorecidas o número de filhos não diminui. A falta de planejamento é uma das mais importantes causas da pobreza e da criminalidade. Pais imaturos e despreparados, filhos potencialmente carentes e revoltados. É inequívoco projetar que uma gravidez planejada tem maior chance de gerar uma criação mais tranquila, organizada e segura. E é isso que uma criança espera e merece: ser desejada em um lar com amor, respeito e dignas condições.
A vida é a dádiva maior. Só quem é pai sabe o quanto a felicidade dessa condição é completa, elevada e insuperável. É por isso mesmo que o incentivo à paternidade responsável precisa estar no topo de nossas preocupações individuais e coletivas – seja na conversa em família ou na ação de entidades governamentais ou não governamentais. Conscientizar é o primeiro passo.




