16.06.2014
Primeira semana de uma grande Copa
por Germano Rigotto
Já é possível fazer um balanço positivo dos primeiros dias da Copa do Mundo no Brasil. E esse diagnóstico tem como primeira base as próprias partidas de futebol: tivemos um público médio de 51 mil pessoas.
Não é só isso. O aparato de segurança está funcionando bem. Os aeroportos, para surpresa geral, atenderam de maneira adequada. As estruturas dos estádios corresponderam. Os hotéis estão lotados. A rede de serviços comemora dividendos.
Há um clima de confraternização nas ruas. Os protestos violentos apareceram, todavia não reúnem não mais do que poucas dezenas de pessoas. O brasileiro deixou fluir sua natural hospitalidade e está recebendo bem os turistas.
Claro que tivemos alguns problemas pontuais, mas estamos bem melhor do que previam certos temores. E, a bem da verdade, se tais temores eram justificados, ficou claro que eles foram superestimados. Mesmo com uma correria de última hora para finalizar estádios e infraestruturas, na comparação com outras Copas, estamos nos saindo bem.
O que vemos é que o turista chega focado em aproveitar o futebol e as belezas nacionais. E certas lacunas foram supridas pela receptividade, pelo calor humano, enfim, pelo jeito do brasileiro. Uma característica anímica e cultural da nação supre, pelo menos em alguma medida, as deficiências de organização.
Não devemos nos conformar com isso. Por outro lado, não cabe mais no Brasil o figurino terceiro-mundista do atraso. O mundo já não nos enxerga mais como outrora. Nós também precisamos incorporar esse novo posicionamento no cenário internacional. Não é uma questão política, de governo ou oposição, mas tão-somente de percepção da realidade.
Não são poucos os relatos de problemas havidos nas últimas edições de eventos como Copa e Olimpíadas. Mesmo potências globais tiveram suas dificuldades. Aqui também as temos, mas elas não estão impedindo que o país mostre para o mundo que está preparado para realizar grandes eventos.
Estamos diante de mais uma inequívoca demonstração de mudança da imagem brasileira no cenário global. E não estamos mudando apenas por figuração, senão porque, antes disso, conseguimos evoluir internamente de maneira orgânica.
A Copa só tem uma semana, mas seu legado já é perceptível. Ele sintetiza a situação de um país com diversos entraves e que tem tudo para ir muito mais longe. Seguir esse caminho, com mais ousadia e velocidade, depende de aceitar que podemos encarar o desafio, olhando para frente e fazendo as mudanças estruturais que se fazem tão necessárias.




