9.06.2014
Agora é Brasil!
por Germano Rigotto
Não foi em vão todo o debate que a Copa do Mundo gerou no país. Ele colocou a nação diante de seus grandes problemas estruturais. O esporte acabou por incluir na pauta social questões importantes da política. Gerou reflexões que vão permanecer mesmo depois da competição. E tudo isso significa amadurecimento cultural. Já é uma herança que fica.
Agora, entretanto, na semana de início do torneio, chegou o momento de direcionar nossas energias para torcer pela seleção e para que a Copa seja sucesso. O futebol é uma atividade inclusiva, que alcança todas as classes sociais. Uma goleira feita de chinelos e uma bola de pano já são aparatos suficientes para reunir amigos em um saudável ambiente de competição e lazer.
O futebol está em todos os cantos do país. Conversa em todas as línguas, tem todas as cores, levanta todas as torcidas. Não é propriedade de ninguém. É efetivamente um bem social. Além de esporte, é um dado da nossa cultura. Da versatilidade do país, da abnegação, da habilidade, do divertimento. E a Copa no Brasil, mesmo com todas as contestações que pode e deve merecer, vem ao encontro dessa nossa natureza.
Quanto às questões extracampo, haveremos de torcer – e de colaborar – para que tudo funcione a contento. A discussão sobre a conveniência e a oportunidade do evento foram produtivas e democráticas. Mas agora a Copa está aí, é uma realidade posta. E será um momento de extrema exposição para o país – difícil haver outro, talvez apenas as Olimpíadas, que consiga dar tanta visibilidade para o Brasil. E isso não pode ser desperdiçado.
Claro que, no ambiente do futebol, falamos de ufanismo, de torcida, de orgulho, de emoção. E essa é uma dimensão humana que não pode ser desprezada. Mas, percebendo a Copa não só como a disputa esportiva, vemos que ela carrega consigo diversas oportunidades na área de negócios, especialmente voltados ao setor de turismo. É preciso criar o desejo, nos turistas, de que voltem para cá. E isso só será possível se os atendermos bem.
O Brasil falhou muito desde que foi escolhido para sediar o mundial. Mas esse nível de erro terá que diminuir nos dias em que os milhares de visitantes estiverem aqui. Por eles, sim, mas também pelos efeitos internos e externos de construção de uma nova imagem nacional. Vamos mostrar se somos ainda um país submergido nos problemas do terceiro mundo ou se, mesmo com sérias dificuldades, fazemos jus ao patamar de nação emergente.
Apesar dos muitos pesares e dos desafios que persistem, evoluímos muito nas últimas décadas. E é essa nova nação, aberta ao globo, que precisamos entregar para quem estiver olhando para nós. Que tudo o que for civilizado, mesmo eventuais protestos, tenha vez e voz durante a Copa do Mundo. Mas que ganhe o civismo, o amor ao país, o acolhimento aos visitantes, a vontade de receber, o respeito à lei e à ordem. E também que ganhe nossa seleção comandada pelo Felipão, porque, mesmo com discordâncias aqui e acolá, somos unânimes em desejar o hexa. Afinal, somos sempre Brasil! Uma ótima Copa a todos!




