10.03.2014
Pela ampliação do nosso comércio internacional
por Germano Rigotto
Notícias dos últimos dias dão conta de que um acordo entre o Mercosul e a União Europeia está próximo. Foi o que informou a presidente Dilma em Bruxelas, no Encontro Empresarial Brasil-União Europeia. Além do anúncio feito por ela, já está marcada uma reunião de técnicos dos dois blocos, no próximo dia 21, quando o grupo deve definir caminhos para a troca formal de ofertas entre as partes. Já não era sem tempo. Se esse acordo for confirmado, estaremos diante do mais importante avanço comercial do nosso bloco desde a sua fundação.
É preciso ser dito, porém, que entramos nesse processo com décadas de atraso. Enquanto nações como o Chile e o Peru já possuem mais de trinta acordos bilaterais, o Mercosul só celebrou três: com Israel, Palestina e Egito. As exportações para esses países correspondem, respectivamente, a 0,2%, 0,01% e 1% do total brasileiro. Tratados semelhantes não existem com os nossos grandes players, que são China, Estados Unidos, Holanda, Japão e Alemanha.
A verdade é que, por anos, ficamos ensimesmados em nossas questões microrregionais, sem olhar para as possibilidades comerciais do mundo. Certas excentricidades políticas, por assim dizer, deram o tom do nosso posicionamento no mercado global. Nossa relação com a Argentina inibiu uma prospecção mais ousada do Brasil. O protagonismo da Venezuela no cenário político estabeleceu uma pauta regional avessa às atividades de compra e venda.
O possível acordo com a União Europeia seria um começo de mudança nesse ciclo de estagnação. Porém, independente disso, o Brasil deve estabelecer seus próprios tratados bilaterais. Não se pode mais andar com a velocidade de um elefante pesado para fazer movimentações desse tipo. Dentro de padrões éticos e das leis internacionais, é preciso agir com ousadia e rapidez. O Uruguai, sem demorar, tende a esse caminho. Tabaré Vasquez, que muito provavelmente será eleito como o próximo presidente, já anunciou sua intenção de buscar a consolidação de negócios diretos.
O Mercosul não deve ser desprezado ou esquecido. Pelo contrário. Agir em bloco, no ambiente de um mercado global e competitivo, gera, em tese, maior capacidade em uma mesa de negociação. A questão está em alterar o posicionamento e a agilidade com que o nosso grupo se movimenta pelo mundo. É preciso fortalecer e destravar o Mercosul. Dar efetividade a ele. Precisamos sair da fase do romantismo para a fase do ativismo. E isso poderia começar até mesmo pelas relações internas, que ainda seguem com pouca fluidez comercial e até mesmo cultural.
O Brasil possui uma produção forte e preparada para ir ao mundo. Já provou isso nas áreas em que conseguiu romper as fronteiras. Nenhuma inibição pode conter as possibilidades de gerar mais riqueza para a população. Criamos as bases macroeconômicas e alcançamos a estabilidade. Mas não convém nos conformarmos apenas a isso. A atividade de vender para o mundo é da própria essência de um país com as características do nosso. É preciso fazer acontecer.




