2.12.2013
O ser humano como centro da gestão
por Germano Rigotto
A gestão é composta por diversas áreas do conhecimento. As prateleiras de livraria reservam um precioso acúmulo de publicações sobre esse tema. Das ciências exatas à arte e à intuição, há muitas derivações sobre tal universo. Gerenciar é algo que transcende o terreno do mundo corporativo, chegando também ao ambiente do lar, ao setor público e às diversas situações do cotidiano. Queiramos ou não, somos gestores de nossas próprias vidas todos os dias.
Mesmo com tudo o que já se escreveu sobre o assunto, há algo cuja importância é reconhecida entre todos os pesquisadores: o elemento humano. A gestão se faz com planejamento, com metas, com planilhas de acompanhamento, com técnicas que já se mostraram comprovadamente eficientes. Porém, tudo fura quando os homens e as mulheres que formam o contexto são desconsiderados.
Levar em conta as pessoas significa contemplar o valor e os desafios que constituem a nossa natureza. Os vícios e as virtudes. As qualidades e os defeitos. O ser humano é complexo, multifacetário, diferente um do outro, tantas vezes imprevisível – negativa ou positivamente. Na realidade de um projeto, seja no setor público ou privado, esse dado pode estourar para cima ou para baixo o resultado do trabalho planejado.
Mais sanguíneo, mais melancólico, mais fleumático ou mais colérico, cada indivíduo é absolutamente exclusivo. E essa é a riqueza da nossa identidade, ao mesmo tempo em que é o maior desafio. O sucesso de quem comanda passa, necessariamente, pela escolha das pessoas adequadas para as especificidades de cada função. E o gestor tende a ir ainda mais longe quando opta por profissionais mais qualificados do que ele próprio.
Ninguém é completo, ninguém sabe tudo. Portanto, no cotidiano de uma organização, incorporar a noção de time é fundamental para alcançar êxito. Isso não significa desprezar a individualidade, mas organizar o grupo em torno de um propósito que una a todos – e que os recompense, seja financeiramente ou mesmo moralmente. Essa unidade vai permitir que o barco siga sua direção, mesmo em meio às trovoadas ou desvios de rota. Mas todos precisam saber aonde se quer chegar.
Essa evidência impõe uma série de valores para o universo da gestão. O respeito ao próximo é o primeiro deles. Já foi o tempo daquele chefe que humilha a equipe, que não aceita o contraditório, que sufoca os talentos, que se imagina superior e insubstituível. Esse perfil, próximo de uma caricatura, está cada vez mais em desuso nas organizações bem-sucedidas. Também o mau humor vai perdendo seu terreno: outrora conhecido como mera característica, hoje virou defeito que precisa ser superado por um profissional moderno – independente do seu temperamento.
Outro valor é a transparência. Empresas ou governos que criam zonas de sombra dificilmente conseguirão ter uma equipe agregada e agregadora. Ainda no exemplo do barco: quando não se tem horizonte, muitos passageiros podem começar a pular do convés de maneira independente. A mentira e a ocultação de informações centrais geram um ambiente de descrença e de desconfiança que invariavelmente não acaba bem.
Essas são algumas observações e convicções que fui firmando ao longo dos anos, tanto na minha experiência pública, especialmente como governador, quanto privada, como palestrante convidado por organizações, instituições e associações de trabalhadores e empresários. Reiteradamente constato que o sucesso passa pelo alinhamento do time. Pelo respeito às pessoas. Pela motivação. Pela compreensão e a potencialização de tudo aquilo que só o ser humano pode oferecer. Gestão, afinal, é gente.




