6.11.2012
Depois da rota, o trem
Germano Rigotto instigou lideranças políticas e empresariais a mobilizarem-se em torno da implantação do trem regional, como aconteceu pela Rota do Sol. O ex-governador vê um cenário favorável ao projeto, em função do interesse do governo federal em incentivar o modal ferroviário e a preocupação mundial de reduzir a emissão de poluentes.
– Não tenho a menor dúvida de que a grande luta que temos de fazer agora é para colocar nosso trem regional dentro do processo de reativação do transporte ferroviário no Brasil – disse Rigotto, palestrante da reunião-almoço de ontem da CIC, alusiva aos 100 anos do Recreio da Juventude, com o tema Crescimento das cidades x Qualidade de vida.
Rigotto defendeu um movimento muito forte com parlamentares federais e estaduais e citou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas (PT), “embaixador de Caxias no governo federal”. E apelou ao futuro prefeito (para quem pediu uma salva de palmas) Alceu Barbosa Velho para colocar o trem regional na linha de frente.

Estação: burocracia
Neste momento, o trem regional está em um vaivém. Fora dos trilhos.
A Universidade Federal de Santa Catarina fez estudo de viabilidade e o encaminhou ao Ministério dos Transportes, que, mais de uma vez, pediu acréscimo de informações.
Quando o ministério estiver satisfeito, o próximo passo é a realização de audiências públicas nos cinco municípios interessados: Caxias, Farroupilha, Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa.
Pessoas
Rigotto defende a reativação do transporte de passageiros e de cargas, mas considera o primeiro o mais urgente, pela perspectiva que abordou na palestra: o papel da mobilidade urbana na qualidade de vida.
Uma parceria público-privada (PPP) seria o caminho, sugere.
Viabilidade
Questionado sobre a possibilidade da operação ser deficitária, como acontece com o metrô em muitas cidades, Rigotto respondeu que, se não for estatal, o trem talvez tenha de ter subsídio. Seus benefícios para mobilidade urbana e redução da poluição justificariam o investimento, argumenta.
Diante da preocupação mundial com sustentabilidade e meio-ambiente, é plausível supor que um transporte menos poluente possa ter mais facilidade de financiamento.
Ar sujo
Rigotto destacou que a poluição atmosférica em São Paulo custa R$ 17 bilhões anuais em doenças respiratórias.
– Se o metrô de São Paulo parasse, teríamos 75% a mais de poluição no ar e 14% mais mortes por problemas respiratórios.
Retomada
Além de criticar a concentração de investimentos no modal rodoviário (notadamente, nos anos 1960 e 1970), Rigotto elogiou a postura do governo Dilma Rousseff de retomar o transporte ferroviário.
– A grande privatização que deu errado no Brasil é a do setor ferroviário. Os contratos não forma cumpridos, e o poder público nada fez.
Sartori
Cotado para concorrer ao Piratini e ao Senado, Rigotto não poupou elogios ao “concorrente” na sigla:
– Sartori é um homem preparado para desafios futuros enormes pelo nosso Rio Grande.
Enfim
Na saída da reunião-almoço da CIC, Sartori finalmente revelou um plano concreto, com data e local, para logo depois da prefeitura.
– Dia 1º de janeiro à noite quero estar jantando em Torres.
Reunião
Rigotto almoça hoje com a bancada do PMDB na Assembleia.
Repetirá o que já tem dito: o partido tem de definir seu candidato a governador no primeiro semestre de 2013.
De olho em Brasília
Uma pergunta de Marcus D’Arrigo sobre o êxodo rural e urbano deu a Rigotto o gancho para abordar, com empolgação, o tema que tem defendido pelo país: a reforma tributária. O ex-governador alertou para uma semana que considera decisiva em Brasília, por três razões:
1) A discussão da distribuição dos royalties do petróleo pela Câmara dos Deputados, que pode aumentar a receita dos Estados.
2) A reunião de quinta-feira em que com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, irá propor aos governadores uma mudança no ICMS, com a cobrança de alíquota de 4% na origem.
3) A possibilidade, admitida por Mantega, de mudar o indexador da dívida dos Estados com a União.
– É um absurdo pagar 13% da receita líquida para a União. A renegociação feita em 1997 foi correta, só que o mundo mudou, o Brasil mudou, o juro mudou. O Estado paga 6% ao ano mais o IGP-DI, indexador que não é mais usado nem pelo governo – critica Rigotto.
Sombras
Rigotto foi duro ao comentar a guerra fiscal que, segundo ele, só acabará com a unificação do ICMS:
– Essa guerra fiscal tem sombra. Corre coisa por fora.
Também defendeu o fim das emendas parlamentares ao orçamento da União:
– As emendas individuais vão resultar em outras CPIs, outras cassações, pela relação espúria que criam entre Executivo e Legislativo. Os recursos se perdem no caminho, pelo fisiologismo, pela corrupção.
Apoio
Assim que abordou a dívida impagável do Estado com a União, Rigotto recebeu o apoio do presidente da CIC, Carlos Heinen:
– Uma empresa que deve 10, paga 18 e ainda deve 40 está quebrada. O que ela faz? Troca a dívida impagável pela possível.
E acrescentou:
– R$ 40 bilhões são troco para fundos internacionais que querem investir no Brasil.
Humor
Após Rigotto lembrar que as áreas econômicas dos governos FHC e Lula boicotaram a reforma tributária, Heinen, que estava ao lado de Sartori, lascou:
– O prefeito quis fazer reforma tributária em Caxias, mas o Búrigo não deixou.
Brincadeira com o secretário de gestão e Finanças, Carlos Búrigo.
Fonte: Coluna Mirante, do jornal Pioneira edição de 06/11




