21.10.2013
Planejamento: o exemplo chinês
Um dos fatores determinantes para o desenvolvimento de uma nação é o planejamento. Através do estabelecimento de metas em indicadores econômicos e sociais, de planos de investimento, especialmente em infraestrutura, atuando de forma estratégica com o setor privado, vários países deram um salto ao longo das últimas décadas. Vide o caso da Coreia do Sul, que se tornou uma das maiores economias do mundo e um case educacional. Japão e Singapura também seguiram o caminho do sério planejamento, o que fez com que se desenvolvessem de forma muito acelerada.
Mas o exemplo mais notável nesse sentido, ainda com os olhos no Oriente, é a China. Claro que ela não serve de parâmetro em questões relativas aos direitos humanos e à democracia – é preciso frisar. Há notícias de perseguição a minorias étnicas, de censura estatal à imprensa, de desrespeito a direitos trabalhistas e de violação às liberdades individuais. Entretanto, como modelo de planejamento estratégico, o país tem muito a ensinar. Principalmente para o Brasil.
As profundas reformas iniciadas na década de 1970 mudaram completamente a China. Metas foram fixadas em diversos níveis através dos planos quinquenais: crescimento, produção, indicadores sociais, investimentos. Com diretrizes bem definidas, o país investiu pesadamente para atingir seus objetivos, projetando até trinta anos à frente. Infraestrutura, indústrias, urbanização e educação foram algumas das prioridades. O resultado é cristalino: de uma nação muito atrasada, a China passou à condição de segunda maior potência do mundo, com taxas de crescimento próximas a 10% ao ano.
Enquanto isso, o Brasil continua pagando o preço de nas últimas décadas não ter pensado a longo prazo como deveria. Apesar de sermos hoje a sétima maior economia do mundo, não temos tido, muitas vezes, planejamento para quatro anos. O que é traçado para um governo, muitas vezes, é descontinuado no mandato seguinte. O foco da prioridade costuma estar naquilo que gera dividendo na próxima eleição. A mesma cultura se repete em estados e municípios, ressalvadas as exceções.
Assim, temos dificuldade de enfrentar nossos “gargalos”. A infraestrutura segue deficitária, incapaz de atender à demanda cada vez maior. A logística padece da falta de investimentos e o custo da produção causa prejuízos às indústrias e aos consumidores. Em outras áreas, também é possível verificar quão onerosa é a falta de planejamento. Considerando ainda nossa posição no ranking das economias, é inadmissível que sigamos amargando um crescimento pífio em indicadores da educação, saúde, habitação e saneamento.
É urgente que o Brasil estabeleça aonde quer chegar nos próximos vinte, trinta anos. É preciso aprender com exemplos como o da China. Claro que, na perspectiva da democracia moderna, a experiência chinesa é a antítese do que se pode querer de uma nação desenvolvida. Mas suas lições de estratégia e planejamento, inequivocamente, merecem atenção. Ninguém chega aonde a China chegou sem algum tipo de mérito.
O que o Brasil quer ser no futuro? E que caminhos deve seguir para alcançar seus objetivos? Precisamos enfrentar e responder essas questões. Para ontem.




